Luis Carlos de Arapey (1921 - \o/ ) Livros Publicados: Poemas do Tempo Frágil Rio, 1951 O Dia Sobre o Rio S.P., 1961 Poemas Inspirados Em Música S.P., 1971 Poemas Inéditos PoA., 1981 Poemas Inéditos PoA., 1991 Remembranças PoA., 1991 Poemas de Arapey PoA., 2001

domingo, 13 de abril de 2008


“DOS SENHORES E DAS BATALHAS” - Caio Porfírio Carneiro

À primeira vista, Luis Carlos de Arapey é um poeta desconsertante. Lírico e romântico:
“Início da tarde fina chuva invernal beira de rio o veleiro da infância ao longo...”

Quase sempre a busca, a desesperante busca:
“Não palavras não só palavras para exprimir...”
Ou a desolação:
“Dispersa estava a paisagem sem a presença do seu poeta, tal como os amigos.”
O pânico:
“Aquele imponderável clima de poesia perdeu-se...”

No fundo, uma poesia sofrida, não pessimista, feita de amor e de revolta. Põe-se o poeta perante a vida e o mundo que o cerca cheio de interrogações, que não são dúvidas, mas aguçado senso crítico diante do homem e da natureza.
Não se entregou ele a inquietações formais, tão encontradiças em poetas de pouca ou nenhuma mensagem. Sua poesia é, às mais das vezes, simples e direta. Outras tantas apresenta-se incisiva e telegráfica. Mas unitariamente, toda ela guarda a mesma rítmica, não preocupada, mas intuída, o que é próprio dos verdadeiros poetas.
Luis Carlos de Arapey mostra-se assim desde o primeiro livro. Sempre foi ele mesmo. Evoluiu, amadureceu sua visão das coisas e do mundo, aprimorou seu verso, mas permaneceu, nas entrelinhas, aquele mesmo sensitivo e aquela mesma dignidade comovedora diante da arte e de como transmiti-la. Se é uma poesia sofrida, é, ao mesmo passo, extremamente verdadeira e ditada do amor e do coração. Nada tem de amarga nem se aproxima do desencanto. Ao contrário, vai à denúncia sutil e sub-reptícia.
Não há poema, neste livro de Luis Carlos de Arapey que não seja belo e bem realizado, inclusive os escritos em castelhano, que o poeta é bilingüe e se manifesta em ambos os idiomas com a mesma pureza de sentimento. Difícil hoje, quando os vocábulos e os símbolos tornam-se cada vez menos úteis aos poetas, e eles se desesperam por isto, encontrar uma poesia renovada, transmitida por inteiro, como esta que cala fundo e diante da qual só o silêncio basta:
“Aqui tornamos para verter as lágrimas de fogo de outrora,e transitarmos vibrantes como álamosem verde desmaiado.

Sucederam-se estações e desencantos,mas fidelidade profunda foi guardada.”

Luis Carlos de Arapey é poeta e sabe sê-lo. Há os que o são para si próprios. O autor de “Dos Senhores e das Batalhas”, ao contrário, pertence-se o menos possível, que se entrega todo nos seus versos. Cada poema é uma oferenda de amor, saudade, denúncia, e sobretudo – e isto é muito importante – de muita paz. Não a precária paz, filha do desencanto e do medo. Mas a paz procurada, a justa paz alcançada após a revolta.
Este novo livro não constitui para Luis Carlos de Arapey mais uma vitória alcançada, que esta ele conseguiu, em definitivo, quando jogou no papel o primeiro verso e se fez poeta.
“Dos Senhores das Batalhas” é uma confirmação, uma constatação plena, de que a poesia, realizada por um verdadeiro poeta, é eterna, sublime e sobretudo divina.

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